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Rafael Reis

Ídolo palmeirense foi 1º brasileiro campeão como protagonista na Europa

Rafael Reis

06/05/2016 06h00

Exatos 60 anos atrás, no dia 6 de maio de 1956, o futebol viu pela primeira vez um jogador brasileiro ser protagonista de um título de primeiro escalão na Europa.

Julinho Botelho, o homem que transformaria vaias em aplausos no Maracanã e que faria história com a camisa do Palmeiras, liderou a Fiorentina na então inédita conquista do Campeonato Italiano.

Coube ao ponta direita brasileiro fazer o gol que deu o título à equipe de Firenze com cinco rodadas de antecipação, o do empate por 1 a 1 com a Triestina, fora de casa.

Julinho Botelho

No total, Julinho marcou seis gols naquela campanha. Menos que Virgili (23) e Montuori (13). Mas seus dribles desconcertantes e a criatividade que exibia dentro de campo o transformaram no craque daquela conquista.

O brasileiro, que ficou na Itália por apenas três temporadas e foi vice europeu em 1957, integra o Hall da Fama da Fiorentina. E, em 1996, foi eleito o melhor jogador do clube em todos os tempos.

Transformado em grande jogador pela Portuguesa, Julinho já era uma estrela mundial quando foi contratado pela Viola.

A transferência, que custou hoje inacreditáveis US$ 5.500, aconteceu em 1955, um ano depois de ele ter sido considerado um dos craques da Copa do Mundo-1954.

A atitude pioneira de deixar o futebol brasileiro para bilhar em território europeu lhe custou o direito de ser campeão mundial.

Julinho até foi convocado por Vicente Feola para disputar a Copa na Suécia, mas recusou o convite por achar que não era justo roubar uma vaga na seleção de quem atuava no próprio país.

Meses depois, já eclipsado para os brasileiros pelo campeão mundial Mané Garrincha, retornou para a casa e assinou com o Palmeiras, clube que defenderia até 1967 e onde se tornaria um ícone da "Primeira Academia", time que fez frente ao Santos de Pelé.

Em 1959, viveu talvez o episódio mais conhecido de sua carreira. Escalado como titular no amistoso da seleção contra a Inglaterra, teve seu nome vaiado pelo Maracanã que desejava ver Garrincha em seu lugar.

Mas, a grande atuação na vitória por 2 a 0 sobre os inventores do futebol fez a torcida presente no estádio se arrepender mudar de ideia. E Julinho deixou o gramado ovacionado pelo público.

Julinho, o ídolo de Palmeiras e Fiorentina e o primeiro brasileiro a ganhar um título importante na Europa como protagonista, morreu em 2003, aos 73 anos de idade.

Quer saber mais sobre Julinho Botelho? Acesse a seção "Quem fim levou?", do Terceiro Tempo


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.