Comida vegana e painéis solares: Inglaterra tem time mais "verde" do mundo

Quem vai ao estádio New Lawn, casa do Forest Green Rovers, assistir a uma partida da National League, a quinta divisão inglesa, corre risco de tomar um susto quando se deparar com o cardápio disponível aos torcedores.

Nada dos tradicionais hambúrgueres, hot dogs ou "fish and chips" (peixe com batatas). Não há carne em nenhum dos pratos à venda. Toda a comida oferecida no estádio é vegana, ou seja, nenhum ingrediente pode ter origem animal.

O mesmo vale para os jogadores. Enquanto estão nas instalações do clube, nada de carne, ovos ou leite e seus derivados. As proteínas, componente essencial para a performance dos atletas, vêm de alimentos à base de soja ou outros vegetais.

O cardápio 100% vegano é apenas uma das iniciativas tomadas pelo presidente Dale Vince para transformar o Forest Green no time mais ecologicamente correto do planeta.

Ex-hippie que se tornou há duas décadas empresário do ramo de "energia limpa", o britânico comprou em 2010 o time da pequena cidade de Nailsworth (5.800 habitantes, a 2 horas de carro de Londres). E, desde então, colocou seu plano de "esverdeamento" do clube em prática.

"Sempre imaginei que era possível adaptar as ideias de sustentabilidade ao futebol. Queríamos fazer uma trabalho mais responsável e criamos o time mais verde do mundo", afirmou Dale, por telefone.

Além do cardápio incomum para quem está acostumado a frequentar estádios, o Forest Green tem várias outras particularidades ecologicamente corretas.

A energia do estádio vem de painéis solares instalados no telhado do New Lawn. O gramado é alimentado por adubo orgânico, cotado por um robô e irrigado através de sistema de reaproveitamento da água da chuva.

Nem mesmo a tinta utilizada na pintura das paredes e dos assentos da arena é usual. Ela também possui origem orgânica.

O público do Forest Green também foge do padrão típico dos gramados ingleses. Os habitantes de Nailsworth costumam dividir a arquibancada com curiosos e ambientalistas.

"É um pessoal que costuma ficar mais distante do futebol. Mas grupos ligados ao movimento ambientalista se interessaram por nosso projeto e hoje acompanham de perto nosso clube", completou o presidente.

Dentro de campo, o projeto de Vince também tem dado resultado. O Forest Green foi quinto colocado na temporada passada da National League, sua melhor classificação na história, e só não conquistou o acesso porque perdeu nos playoffs decisivos.

A campanha deste ano é ainda melhor. Vice-líder, tem vaga quase certa nos playoffs e ainda briga com o Cheltenham Town, primeiro colocado, pela promoção direta à quarta divisão. Afinal, quem disse que futebol e ecologia são incompatíveis?

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