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Rafael Reis

Sem dinheiro, "Leicester da Rússia" luta por título inédito e sobrevivência

Rafael Reis

07/04/2016 06h00

De time que escapou por milagre do rebaixamento no campeonato passado a líder que caminha a passos largos para a conquista do primeiro título nacional da liga nacional em sua história na atual temporada.

Esse é o conto de fadas vivido pelo Leicester, primeiro colocado do Inglês e atual sensação do futebol europeu. E também pelo Rostov.

O clube, fundado em 1930, está à frente dos gigantes Zenit, CSKA e Spartak Moscou nesta temporada. A oito rodadas do fim do Campeonato Russo, lidera a competição e sonha com a inédita conquista.

Rostov

Isso depois de escapar por pouco do rebaixamento na última temporada e entrar em um processo de falência que ainda ameaça sua existência.

Atolada em dívidas e com um elenco modesto para os padrões locais, a equipe foi antepenúltima e teve a pior defesa do Campeonato Russo passado. Para continuar na elite, precisou vencer um playoff contra o terceiro colocado da segunda divisão.

O time, que é sustentado pelo governo regional, passou a sofrer com problemas econômicos no primeiro semestre de 2014, depois que os recursos que normalmente eram usados para sustentá-lo foram redirecionados para acolher refugiados do confronto na Crimeia, região da Ucrânia que faz fronteira com a Rússia.

A desaceleração da economia russa, provocada principalmente pela queda no preço do petróleo e sanções aplicadas internacionalmente ao país pelo comportamento bélico do presidente Vladimir Putin, também ajudaram.

Resultado: ainda em 2014, o clube chegou a ficar com cinco meses de salário atrasado e recebeu um pedido de falência feito por um dos seus credores. No ano passado, houve uma greve de funcionários irritados por não estarem com os pagamentos em dia.

Ainda em meio a dificuldades financeiras, o Rostov sonha com a cota de participação na próxima Liga dos Campeões para aliviar um pouco o caixa. E sem entender muito bem como a classificação para o maior torneio interclubes do planeta está tão perto.

O time é tão modesto que, apesar da liderar o campeonato com um ponto de vantagem para o tradicional CSKA, não emplacou nenhum jogador na última convocação da seleção russa.

Os estrangeiros também estão longe de fazer os olhos dos torcedores brilharem. Enquanto o Zenit tem jogadores na seleção brasileira (Hulk) e belga (Witsel), o Rostov se contenta com iranianos, cazaques, angolanos, moldavos e georgianos.

O único gringo com um pouco mais de destaque é o volante Christian Noboa, 30, titular do Equador, vice-líder das eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo.

O Rostov também não conta com nenhum jogador brasileiro. O último que passou por lá foi o meia Élson, ex-Palmeiras, que esteve na Rússia entre 2011 e 2012.

Sem destaques individuais, o Rostov se destaca pela força do conjunto e a solidez defensiva, vazada apenas 16 vezes em 22 rodadas do Russo.

O futebol está longe de ser bem bonito, mas é eficiente. Chutões para frente, contra-ataques rápidos e bola aérea fazem parte do repertório da zebra da temporada. E não, não estamos falando do Leicester.


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Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.