Topo

Rafael Reis

Dante dispara: "Quando ganhei tudo, ninguém fez piada comigo"

Rafael Reis

08/03/2016 06h00

Desde o 7 a 1 na semifinal da Copa do Mundo de 2014, é assim. A cada derrota ou falha cometida por Dante, as redes sociais se enchem de piadas contra o zagueiro brasileiro.

Mas o camisa 18 do Wolfsburg tenta não se importar com essas manifestações. E não cansa de pedir para a mulher e os filhos ignorarem tudo de negativo que lerem ou ouvirem a seu respeito.

"Não ligo para as piadas. Tenho um psicológico muito forte. Isso vem de gente maldosa, que não tem peso nenhum na minha vida. Essas pessoas perdem tempo [me atacando]. Quando eu ganhei tudo, ninguém fez piada comigo."

Dante

A certeza de que é um zagueiro muito melhor do que essas piadas fazem supor vem da carreira vitoriosa que construiu na Europa.

Dante está no velho continente desde 2004. Jogou na França e na Bélgica até estourar no futebol alemão. Por três temporadas, defendeu o Bayern de Munique, clube em que conquistou todos os títulos que disputou –Alemão, Copa da Alemanha, Liga dos Campeões e Mundial de Clubes.

No meio do ano passado, trocou os bávaros pelo Wolfsburg. E, nesta terça-feira, pode colocar o time alviverde pela primeira vez nas quartas de final da Champions.

Até mesmo uma derrota por 1 a 0 ou 2 a 1 para os belgas do Gent, em casa, coloca a equipe alemã entre as oito melhores desta temporada na Europa.

"É diferente jogar a Champions pelo Bayern e pelo Wolfsburg. Aqui, não tem de almejar o título. A responsabilidade é outra. Estou curtindo bastante. Já entramos para a história porque nunca tínhamos ido até as oitavas. Agora, talvez cheguemos às quartas", afirma.

Aos 32 anos, o zagueiro, que foi titular no 7 a 1 contra a Alemanha devido à suspensão do capitão Thiago Silva, já pensa em um retorno para casa. Dante gostaria de jogar um pouco no Brasil antes de se aposentar e começar a passar para os mais jovens aquilo que aprendeu em sua carreira.

"Amo demais meu país. Tenho vontade de ver de novo aquela alegria no estádio e fazer aquele treino mais alegre. Mas não posso garantir [que vou voltar]. Tenho sim um projeto de trabalhar aí depois que minha carreira acabar. Quero ser treinador ou auxiliar para um levar um pouco da minha experiência para o futebol brasileiro."

Tão criticado depois do 7 a 1, o futebol brasileiro tem progredido bastante na opinião de Dante. E a culpa, segundo ele, é da chegada de vários jogadores e treinadores estrangeiros ao país.

"A Alemanha melhorou não porque os alemães inventaram um monte de coisa nova, mas porque vieram estrangeiros que os ajudaram. Aqui no Brasil, está sendo assim também. Os técnicos estrangeiros chegaram e pressionaram os que estavam estagnados a melhorar."


Mais de Brasileiros pelo Mundo

O que fez Kaká pensar que tiraria papel de Neymar como melhor do mundo
Parece até mentira: Chinês começa com menos brasileiros que antes
Neymar é melhor e mais decisivo em mata-matas do que em pontos corridos
Nunca pensamos no rebaixamento, diz Willian, após transformação do Chelsea

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.