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Rafael Reis

Kaká celebra nova vida na seleção: "não vim aos EUA para me aposentar"

Rafael Reis

04/03/2016 06h00

Prestes a iniciar sua segunda temporada na Major League Soccer, Kaká não tem dúvidas de que fez um bom negócio ao trocar os centros mais tradicionais do futebol pela experiência de jogar no recém-fundado Orlando City.

A certeza vem a cada nova convocação feita pelo técnico Dunga para a seleção brasileira, como a da última quinta-feira, que colocou o meia-atacante nas partidas contra Uruguai e Paraguai, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.

Aos 33 anos, o melhor jogador do planeta em 2007 temia que sua transferência para o futebol norte-americano fosse interpretada como uma política para o seu "fim de carreira".

E, segundo Kaká, o retorno à seleção já durante sua passagem pelo clube da Flórida mostra que a ida para os EUA não representa o fim, mas apenas uma nova fase da sua trajetória profissional.

Além do seu presente e do seu futuro com a camisa amarelinha, o brasileiro também falou durante entrevista ao blog sobre a nova temporada da MLS, que começa neste domingo, a Copa-2014 e o tão badalado mercado chinês.

CONFIRA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

O que você aprendeu nesse primeiro ano jogando nos EUA? No que o Kaká de 2016 é diferente daquele que chegou aí, em 2015?
Para mim tem sido uma grande experiência. Os lugares onde joguei antes, São Paulo, Milan e Real Madrid, sempre foram clubes de grande tradição. Vir para cá, começar um projeto do zero, tem sido uma grande experiência. Imagino que esta temporada vai ser bem melhor. Agora, já conheço os times, os estádios, meus companheiros de clube. Cheguei aqui não conhecia os jogadores, os técnicos. E eles também não me conheciam.

Quando se pensa em ligas emergentes, os nomes que vêm em mente são a MLS e a da China. Você poderia comparar como tem sido o desenvolvimento desses dois campeonatos?
É
muito difícil comparar porque eu não sei exatamente o que está acontecendo na China. O que vejo de fora é que eles têm muito dinheiro. A expansão dos EUA é muito estruturada. Eles não estão preocupados apenas em colocar dinheiro nos times, mas sim em montar uma estrutura. Você precisa ter estádio, centro de treinamentos. É um crescimento mais lento e estável. A visão de fora que tenho da China é que lá é investimento financeiro. Mas não sei como são as estruturas dos clubes.

Você acha que a MLS e o Chinês já têm um nível de competitividade suficiente para justificar que jogadores que atuam nesses países sejam convocados para a seleção?
Isso foi uma questão que levei muito em consideração quando decidi vir para cá. Eu não sabia como as pessoas iam interpretar, se iam falar "o Kaká está indo para uma liga para encerrar a carreira". Eu queria mostrar que estava indo para ajudar no desenvolvimento do futebol daqui, mas também mostrar que estava jogando em alto nível. E deu certo. Eu não estava na seleção quando vim para cá. E consegui voltar a ser convocado. Então, consegui fazer as pessoas olharem para mim da forma certa.

Mas você é um caso especial, um jogador já consagrado. Mas um garoto que está começando ainda corre risco de sumir e perder espaço na seleção caso vá para um desses mercados?
Corre esse risco, sim. Mas é um risco que o garoto deve avaliar se vale a pena. Existe também a chance de dar certo. Olha o que aconteceu com o Shakhtar [clube ucraniano famoso por contratar brasileiros], que hoje é visto de outra forma. Mas no passado, não era assim, também tinha essa história de os jogadores sumirem. É algo que cada um deve pensar por si próprio e fazer sua escolha.

Quando você pensa em seleção, já mira a Copa do Mundo de 2018 ou está com a cabeça no jogo a jogo, tentando continuar sendo convocado?
A minha ideia hoje é contribuir com a seleção no curto prazo. E ver o quanto esse curto prazo pode se estender de um jeito que seja bom para mim e para seleção, que eu possa continuar sendo útil. Então, penso só nos próximos jogos da seleção.

Você perdeu a chance de disputar uma Copa do Mundo em casa, que imagino que seria um momento especial na sua carreira. Isso foi algo que te deixou muito chateado?
Não, porque fiz tudo que era possível para ser convocado. Mudei de clube [do Real Madrid para o Milan] porque achava que era um lugar onde eu teria mais continuidade para mostrar que eu estava bem. Mas não tenho rancor nenhum do Felipão. Ele me levou para jogar a Copa quando eu tinha 20 anos e fomos campeões.

 

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.