Ex-displicente, Casemiro vira "rei do carrinho" no Real Madrid
O torcedor do São Paulo que chamava Casemiro de desinteressado, displicente e sangue de barata deve ter dificuldade para reconhecer o camisa 14 do Real Madrid.
O volante não apenas se transformou em titular do gigante espanhol pelas mãos do técnico Rafa Benítez, como também virou o "rei dos carrinhos" na equipe de Cristiano Ronaldo, Bale e cia.
De acordo com o "Who Scored", o brasileiro é o jogador do elenco do Real que mais faz uso desse fundamento, normalmente associado a atletas raçudos e fortes na marcação.
Casemiro dá em média 3,2 carrinhos por partida no Campeonato Espanhol. O também brasileiro Marcelo, segundo na estatística, contenta-se com 2,7 intervenções desse tipo.
E é exatamente por características como a dedicação em campo e a famosa pegada que o volante caiu nas graças de Benítez –apenas ele e Cristiano Ronaldo jogaram todos os minutos das últimas oito partidas do Real.
O brasileiro se tornou titular porque o treinador espanhol queria aumentar o poder de marcação do seu meio-campo e dar mais liberdade para os avanços de Kroos e Modric.
Antes de Casemiro ganhar uma vaga, o Real jogava com o alemão e o croata como volantes e mais um meia de criação, James Rodríguez, na escalação ideal.
Na nova formação, não há mais um camisa 10 tradicional. O brasileiro faz o papel do primeiro volante (ainda que também avance e já tenha dado duas assistências na temporada), enquanto Kroos e Modric se revezam entre funções mais defensivas e ofensivas.
Imaginar Casemiro como um cão de guarda é um choque para quem viu seu início de carreira no São Paulo. Mas é a prova de que ele atingiu a maturidade como jogador.
Volante de alta qualidade no passe, ele sempre teve boa capacidade física para a marcação. Mas não parecia muito disposto a fazer o "jogo sujo" dentro de campo e sacrificar seu futebol para correr atrás dos adversários.
Mas, aos 23 anos e depois de quase três temporadas na Europa, com passagens por Real Madrid Castilla e Porto, Casemiro é outro jogador.
A marra e o estrelismo dos tempos de São Paulo ficaram no passado. E ele parece ter aceitado que a posição em que escolheu jogar dificilmente ganha status de protagonista.
O volante é um coadjuvante essencial para o funcionamento de um time, e seus momentos de brilho se resumem a providenciais desarmes e passes bem elaborados. E, tudo isso, o brasileiro tem feito.
Falta apenas convencer Dunga de que o Casemiro moleque dos tempos de São Paulo já era. O Casemiro homem do Real Madrid atual pode ser muito útil para a seleção.
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