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Rafael Reis

Ex-promessa do Barça precisou desabar para aceitar jogar pela Venezuela

Rafael Reis

13/10/2015 09h10

Única das dez seleções da Conmebol que nunca disputou uma Copa, a Venezuela, adversária desta terça-feira do Brasil nas eliminatórias do Mundial-2018, ganhou o reforço de um ex-jogador do Barcelona e da Espanha para tentar mudar a escrita.

Após oito anos se recusando a defender o país onde nasceu, o atacante Jeffrén Suárez, 27, é a principal novidade dos venezuelanos na disputa pela inédita vaga para a Copa na Rússia.

O jogador, que se mudou para a Espanha quando tinha apenas um ano de idade, foi uma das tantas revelações pinçadas das categorias de base por Pep Guardiola para o time adulto do Barcelona.

Promovido à equipe principal em 2009, conquistou os títulos espanhol, da Copa do Rei, da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes jogando ao lado de Messi, Xavi, Iniesta e companhia. No total, fez 34 jogos e marcou três gols com a camisa do gigante catalão.

Jeffrén Suárez, então jogador do Barcelona, hoje na segunda divisão belga

Jeffrén Suárez, então jogador do Barcelona, hoje na segunda divisão belga

Antes mesmo de virar um nome conhecido no Barcelona, Jeffrén recusou pela primeira vez um convite para jogar pela Venezuela. Em 2007, ele foi convocado para disputar a Copa América. Mas não quis ir para o torneio.

Na época, o atacante nutria a esperança de se tornar jogador da seleção adulta da Espanha. Com dupla cidadania, ele já havia conquistado o título europeu sub-19 pela Fúria –também atuou e foi campeão continental pelo time sub-21.

Quando vivia seu auge no Barcelona, Jeffrén voltou a dizer não para a Venezuela. Em 2010, recebeu nova sondagem para atuar na seleção sul-americana. Outra vez, recusou.

Foi só quando sua carreira entrou em declínio que o atacante passou a considerar a possibilidade de se unir ao time Vinotinto.

Em 2011, Jeffrén trocou o Barcelona pelo Sporting (POR). Três anos depois, retornou à Espanha para jogar pelo Valladolid. Na atual temporada, desceu mais um degrau e se mudou para o Eupen, da segunda divisão belga.

A primeira convocação aceita pelo atacante foi para o amistoso contra o Panamá, em setembro. Na estreia venezuelana nas eliminatórias, derrota por 1 a 0 para o Paraguai, ele foi titular.

"O passado é passado. Quero jogar pela Vinotinto. Aos torcedores fanáticos, digo: apoiem a seleção, não a mim. Farei tudo para que mudem sua opinião sobre mim. Peço perdão por minhas reações de antes", disse Jeffrén, no primeiro semestre, ao programa de rádio local Conexión Goleadora.

Com dores musculares, ele é dúvida para o confronto com o Brasil. No entanto, o técnico Noel Sanvicente afirmou que irá esperar por ele até o último segundo. Uma prova de que, pelo menos para o comando da Venezuela, ele já foi perdoado.

 

Sobre o Autor

Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em comunicação pela Fundação Cásper Líbero, foi repórter da Folha de S. Paulo por nove anos e mantém um blog sobre futebol internacional no UOL desde 2015.

Sobre o Blog

Este espaço conta as histórias dos jogadores que fazem do futebol uma paixão mundial. Não só dos grandes astros, mas também dos operários normalmente desconhecidos pelo público.